quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Choros e Lamentos...

Eu considero que as pessoas se dividem em três grupos quanto as lamentações e frustrações. Existem aquelas que guardam tudo pra si e sofrem caladas; aquelas que gritam e choram e desabafam até com o porteiro do prédio; e aquelas que escrevem. Eu tenho uma forte tendência a gostar de forma absurdamente mais intensa do último grupo. Não que eu me considere integrante dele. Me vejo como uma forma híbrida (e bizarra), que flutua entre os três tipos ideais. Mas é porque as lamentações, quando escritas de forma sincera, se eternizam e ficam até bonitas, dependendo da boa vontade de quem lê.
Quando alguém se lamenta de você, de suas atitudes e posições, normalmente o que se sente não é bom. Ao ler o relato que lhes mostrarei a seguir, me senti ao mesmo tempo impotente e incompreendido. Mas após passarem vários meses, vejo que ele retrata de forma absolutamente fiel minha personalidade... Isso não é bonito? Vejam:
"Em algum momento, em vários deles ou definitivamente, as pessoas sempre vão embora. Talvez essa seja a pior coisa do mundo. Da primeira vez ele foi embora porque estava bêbado demais, foi embora a segunda porque ficou tarde, foi embora na terceira porque teve medo de ficar pra sempre, foi embora pra sempre porque todo o resto do mundo precisava dele e eu era apenas uma das demandas, mas pra sempre pode durar duas horas, dois anos, duas encarnações. A gente sempre se despede sem despedidas, fica Chico no ar "o amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio". Acho que ele sempre ia embora à espera de que existisse algo melhor do q eu, mas não ia definitivamente, porque não é todo dia que aparece alguém melhor do que eu. Um dia apareceu, ela até que é bonita e tal, não parece tão confusa e intensa e talvez seja tudo que alguém precise para ser feliz. Eu só queria que ele se perdesse um pouco, rasgasse a agenda, lançasse o celular no mar, desligasse todos os toques, luzes e sinais de que há todo o resto. Esquecesse do sono, do livro, da planta, das lembranças. Só queria que ele descansasse um pouco de ser ele o tempo todo, sempre com a mesma cara de tédio e de busca pelo resto que não se repete ou não se prolonga. Mas ele sempre vai embora antes da gente ser alguma coisa juntos. Todo mundo chega à sua vida. Em algum momento, em vários deles ou definitivamente, as pessoas sempre chegam. Talvez essa seja a melhor coisa do mundo."
Talvez não faça nenhum sentido eu publicar isso. Talvez eu esteja fazendo apenas por que quero atualizar o blog e não encontro inspiração. E talvez eu esteja colocando isso aqui porque considero uma questão inquietante e causadora de insônia o fato dos casos de amor não se encaixarem como deveriam, nesse nosso mundo frenético. É interessante perceber como é possivel construir toda uma sequência lógica e coerente de argumentos sobre seu comportamento, ainda que esta não tenha nenhuma relação com a impressão que você tinha a intenção de transmitir quando agia de tal ou qual forma. Fica aqui, eternizada, essa lamentação. Tanto a dela, quanto a minha.