sexta-feira, junho 30, 2006

Falando por música.

No Surprises
Radiohead
Composição: Radiohead

A heart that's full up like a landfill
A job that slowly kills you
Bruises that won't heal

You look so tired and unhappy
Bring down the government
They don't, they don't speak for us
I'll take a quiet life
A handshake of carbon monoxide

No alarms and no surprises
No alarms and no surprises
No alarms and no surprises
Silent, silent

This is my final fit, my final bellyache with

No alarms and no surprises
No alarms and no surprises
No alarms and no surprises please

Such a pretty house, such a pretty garden

No alarms and no surprises (let me out of here)
No alarms and no surprises (let me out of here)
No alarms and no surprises please (let me out of here)

quarta-feira, junho 28, 2006

Imprensa livremente subordinada....

Fui surpreendido, numa das últimas edições do Jornal Nacional ( juro que não consigo lembrar que dia foi...), com um pedido de desculpas que seria ridículo. Sim, seria ridículo se não fosse feito pela toda poderosa Rede Globo. Coube à Fátima Bernardes, devidamente portegida contra o frio alemão, baixar a cabeça - com certo charme, mas baixar a cabeça!- frente a uma birrazinha do Parreira, que achou "invasivo" o quadro "leitura labial", apresentado no Fantástico.
Eu fiquei realmente surpreso, porque achei esse quadro a coisa mais interessante de TODO o programa. Bem feito, com um humor de bom gosto, e que além disso aproxima os torcedores de seus ídolos, na medida em que deixa claro que eles também ficam nervosos, também xingam, também se preocupam de verdade com seus problemas, enfim, que são gente como a gente.Quem já imaginou ver o sempre tão educadinho Parreira dizer:"tirar o Émerson vai ser f..."? Eu nunca tinha pensado na cena. Sensacional.
Mas ai, o Parreira não gostou e a Globo, poderosa que só ela, baixa a cabeça? Ah, como é que pode? E a imprensa livre? e o fato de Parreira estar num evento público sujeito a todo tipo de observação?
O pior é saber que toda essa subserviência é em troca daquelas entrevistas exclusivas insuportáveis, onde pergunta-se sempre as mesmas coisas, e ouve-se sempre as mesmas respostas, naquele mar de informações sem sentido que nos atormentou no período pré-copa: hoje, Ronaldinho espirrou; ontem, Roberto Carlos chutou mais bolas ao gol que anteontem... Será que vale a pena? É tão fácil ser tão insuportávelmente detalhista sem precisar submeter-se aos caprichos da CBF... Vejam a ESPN Brasil, que vem conseguindo manter um nível de transmissão parecido com o da Globo, mantendo um certo grau de "independência"! Sinceramente, acho essa transmissão detalhadissima um saco; e quando conseguem fazer algo de bom, a liberdade da imprensa é posta de lado pela própria imprensa... Absurdo.
Mas tomara que eu esteja completamente errado e que, no domingo, o Fantástico volte a exibir o quadro e, com isso, salve a minha noite.

domingo, junho 25, 2006

Um fato, duas versões...

" Um ônibus lotado num dia cinza. Pessoas caladas, cada qual pensando nos seus problemas, desejos, aspirações... Algumas falam, expondo a algum conhecido os mesmos sentimentos que os outros apenas pensam. É um dia normal. É só mais um dia.
O ônibus pára. A porta dianteira se abre. Pedintes e baleiros, além de senhores de idade e deficientes usam-a todos os dias para entrar no coletivo. Até ai, tudo normal. Porém desta vez, grata surpresa, sobe uma figura diferente. Com seus quase cinquenta, humilde, um chapéu levemente inclinado na cabeça, roupas sujas e deveras desgastadas. Ele trazia uma pequena sanfona junto ao peito. Sentou-se, agradeceu ao motorista e começou a se preparar para a apresentação. O rosto sofrido trazia um leve sorriso, como quem anuncia o momento singular que estava por vir.Ajeitou a sanfona, e pode-se ouvir as primeiras notas.
Concomitantemente, vieram as reações. As pessoas notam quando algo interfere no seu dia normal. Os que falavam, calaram-se. Alguns fizeram cara de reprovação. Outros - a grande maioria - esboçaram um sorriso. "laiê, laiê, laiê rerê rerê...", e os sorrisos aumentaram. De repente, o dia cinza parecia ter ganhado mais cor, o céu mostrava um lindo azul, as árvores estavam mais verdes. A alegria da múscia contagiou a todos. Alguns insistiam em manter a cara de dia normal. Outros acompanhavam alegremente os versos " minha vida é andar por esse país...". O artista popular atingiu sua meta: trouxe alegria ao seu público.
As moedas que pediu em troca nunca pdoeriam pagar a dose de ânimo e de energia trazidas por sua música. E mesmo assim, o velho pobre, com as marcas de sofrimento de uma vida muito dura, saiu sorridente, desejando um bom dia a todos. Elel saiu feliz, apesar de ganhar apenas o necessário para sobreviver. Saiu feliz como um velho nordestino que consegue ver que na vida o importante é querer viver com alegria. E é ainda mais digno de admiração um velho que enxerga tudo isso sem os olhos. Sim, o nosso artista é cego, fisicamente cego. Creio que havia pessoas naquele coletivo muito mais cegas que ele, apesar de terem os olhos saudáveis...."



Eu escrevi esse texto há algum tempo. Engraçado que a mesma situação me ocorreu, dia desses. E mais engraçado ainda é que a minha percepção do fato foi muito diferente... primeiro, já não sou tão crítico assim de dias normais. Os dias que não são normais, normalmente trazem mais problemas que surpresas boas. E não são, de jeito nenhum, mais coloridos que os normais... Eu continuo achando que a música dele traz alegria, mas já consigo entender que muitas pessoas simplesmente não queiram ficar felizes, ora bolas. Também continuo acreditando que as moedas que ele pede em troca não podem de forma alguma pagar a um músico de tamanha qualidade, mas isso agora me revolta! E no sorriso dele, onde antes enxergava um exemplo, hoje enxergo muito mais conformismo. "Só a luta muda a vida", pensei. Quando será que fui mais justo? Desisti de pensar na questão antes mesmo de terminar de formulá-la...

quinta-feira, junho 22, 2006

Americanismo acrítico....

Aqui está a prova, irretorquível, da origem estrangeira e, ainda pior, americana, da mais nova coqueluche soterapolitana e da bahia em geral.

Aqui está.
Até onde vai esse americanismo nosso, meu Deus do céu? Agora é que eu não arrocho meeesmo!


E aqui mais uma prova: o Angra, que está logicamente antenado com as ondas americanas de forma muito mais concreta que nós da província chamada Salvador, entrando na onda arrocheira antes de Nara Costa´s e Silvano Salles´s da vida.

Aqui.


Lamentável...

terça-feira, junho 20, 2006

Copa do Mundo




É muito clichê. Clichê demais mesmo, admito. Mas fugir do assunto Copa do Mundo tornou-se tarefa árdua frente a invasão das transmissões 24 horas das tvs cheias de tecnologia. Longe de mim a intenção der querer ser o crítico das críticas,aquele que vê tudo de cima. Mas eu não concordo com quase nada do que se diz por ai enquanto estamos assistindo o tão grandioso evento futebolístico.
Em primeiro lugar, classifico como vazia, rasa mesmo, a idéia defendida por muitos, de que o ufanismo caracteristico do período de Copas "aliena" os brasileiros, e os faz esquecer que o seu país é pobre, que tem gente passando fome, que os caras que nos representam dentro das quatro linhas ganham rios de dinheiro lá fora, enquanto o pau come por aqui, blá blá blá. É vazia por ser essa "alienação" exterior, anterior e superior a qualquer evento esportivo. Afinal, em qual outro período do ano ou da década o povo brasileiro não foi acomodado, desmobilizado e "alienado"? Então, não me venham com churumelas. A culpa da nossa inércia política está longe, bem longe mesmo, de poder ser atribuida ao futebol.Eu diria, do alto dos meus vinte anos e pautado no grande acúmulo de conhecimento que tenho sobre o problema(rs), que há uma junção de inúmeras causas nessa inércia. Mas isso é assunto pra outra hora....Vale dizer que torcer contra a seleção, apoiado nos argumentos descritos acima, longe de ser uma postura "politizada", é só, e somente só, coisa de gente muito da chata. Jogo duro contra a Croácia, Brasil levando pressão, e vem um panaca de lá e diz: Vamo Croáaaacia! Ah, vai pra....
Bom, agora o outro lado da moeda. A campanha da Rede Globo nesse período, ressaltando os "símbolos nacionais", o orgulho do povo e coisas do gênero, também é de dar nos nervos. Tudo bem, muito provavelmente a audiência absurda que a Globo tem nesse período é conseguida tanto pela tradicional liderança de audiência como, diga-se de passagem, pela campanha tecnicamente bem feita. Se dá certo, devemos parabenizar, porque é isso que importa, diria Maquiavel(ressalvando-se a idéia original de Maquiavel, que identificava a eficácia das ações como medida de sua qualidade no campo político. Perdoem a analogia forçada, mas o blog é meu, então eu posso!). Mas analisando menos (ou mais) friamente a questão, não bem assim não, pô. Futebol é um jogo, os caras ganham muito bem pra jogá-lo, e não tem nada de patriótico naquilo. É um jogo. Usamos o critério de torcer para aqueles que nasceram no mesmo país que nós. Muitas vezes lá longe, onde nunca fomos. É um dos critérios, mas não precisa ser transformado em obrigação patriótica. A Globo faz, exagera e enche o saco.
Eu, particularmente, torço pro Brasil porque considero que é um time excepcional. Sem dúvidas o jogador brasileiro é diferenciado, criativo, ousado. Dá gosto de ver. Mas transformar isso numa querra nacionalista desarmada, é demais pra minha cabecinha.
Dito isso tudo, resta torcer. Pra frente Brasil, salve a seleção!

segunda-feira, junho 19, 2006

Uma do Cartola, pra começar bem...


O Mundo é Um Moinho
Cartola


Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que iras tomar
Preste atenção querida
Embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó
Preste atenção querida
Em cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés

Quando nem o meu Horror é meu só...

Eu odeio hospitais. A explicação para tal sentimento pode tomar vários caminhos. Gosto, particularmente, de dois. Um seria considerar uma inclinação natural: as pessoas vão a um hospital quando não estão bem, logo, o instinto de preservação manda fugir deles, enquanto é possivel. Mas essa explicação é por demais genérica e acaba me remetendo a um sentimento de não-exclusividade em relação aos que me cercam, e isso em uma sociedade capitalista dos "seres individuais", e do "estilo próprio", pode me levar a um suicídio. O outro é mais subjetivo ( e, felizmente, me parece mais "individual"): tenho horror a climas tensos, de qualquer espécie. Não é medo da morte, não mesmo. Isso seria natural demais, também. Eu não suporto o limite entre o sofrimento e o alívio, intríseco a qualquer ambiente de tensão. Prefiro sofrer logo, ou aliviar-me logo. Alguém poderia dizer que a tensão já é uma maneira de sofrer, e que todo mundo sofre com a tensão, mas eu não consigo sofrer enquanto estou tenso, e me apego nesse mínimo detalhe que eu mesmo forjei pra assegurar minha individualidade. Sim, eu sou humano. Mas só naturalmente humano.
Bem, acontece que, dia desses, vindo da faculdade, recebi um chamado de emergência familiar. Não interessa entrar em detalhes. Interessa que tive de ir a um hospital. Classe média, arrumadinho. Até o cheiro característico era bem disfarçado. Enfim, resolvi aproveitar a situação inevitavelmente desagradável e fazer algo de útil. Comecei a observar pessoas que, notadamente, eram frequentadoras assíduas daquele ambiente. Foi ficando engraçado... São pessoas obviamente debilitadas, algumas com a morte a bater na porta. Contudo, o que menos se vê é tristeza, ao menos tristeza exposta. Para além das conjecturas possíveis, achei relevante a familiaridade que aquelas pessoas têm com um ambiente que a mim me parecia tão assustador. Elas passeiam pelos corredores, brincam com os funcionários, comemoram os gols da Copa do Mundo em frente à tv. E aos poucos meu horror foi se transformando em curiosidade, e depois, em conformismo. Pensei cá com os meus botões, " o próximo passo é tranformar esse conformismo em felicidade!". Quis correr. Meu tão peculiar ódio por hospitais estaria indo embora. Depois, passado o susto, ri sozinho lembrando de umas aulas de antropologia. Bastaram algumas horas pra que eu tranformasse aquele ambiente confuso em um conjunto ordenado de idéias e conceitos e, ao perceber que quase ninguém "sofria" ali, o horror que parecia ter raizes naturais - ou apenas individuais -, sumiu. A interação social o fez desaparecer. Quando dei por mim, já estava quase gostando do lugar, das companhias... A conclusão óbvia é que aquele horror outrora citado como só meu, ou apenas um vestígio de instinto de sobrevivência, não poderia desaparecer assim, sendo um ou outro. O horror era cultural, e pautado num preconceito. Portanto, nunca fora só meu!
O ser humano é absurdamente anti-natural. Como pode, algum ser vivo, se divertir num hospital? E, afinal, como pode um terror, o mais evidentemente natural, ser desmascarado, simples assim, como um preconceito socialmente forjado? O temor que quis que fosse exclusivamente meu, é social e culturalmente construído? Definitivamente, antropologia não combina com os tempos de "Malhação", MTV e RBD. Eu quero ser exclusivo. Eu quero ser eu mesmo! Eu quero ser só naturalmente humano! Mas a antropologia não deixa. Ah, que saco! Vou dormir, pra esquecer...