domingo, junho 21, 2009

Fotografia

Eu tenho pensado muito sobre o tempo. Acho que é normal. As pessoas estão se formando, se mudando, se casando, e logo eu vou fazer 25 anos. Um quarto de século, não deixa de ser um marco. E quando eu olho para trás, tem tanta coisa! Nem parece que são só 25 anos. E na maior parte do tempo a gente tem a impressão de que o tempo não está passando, ou de que não está acontecendo nada, o que é completamente irônico. Eu me lembro da época do colégio, quando eu e minhas amigas chorávamos de rir, literalmente, pelas coisas mais banais. E me lembro de como eu acreditava sinceramente que aquilo ia durar para sempre. Hoje eu não tenho mais notícias da maior parte delas, e nem me lembro de qual foi a última vez em que eu me dobrei de rir daquele jeito.
Com o tempo a gente ganha essa consciência de que as coisas não duram para sempre – desde as mais importantes até as mais triviais – e então duas coisas totalmente opostas podem acontecer. Ou você começa a aproveitar muito mais o que você tem ou você se apavora tanto com medo de perder o que você tem que acaba não aproveitando o tanto quanto poderia. E infelizmente eu devo confessar que é nesse último caso que eu me enquadro.
Acho que eu consegui estragar uma centena de experiências e situações que poderiam ter sido (mais) maravilhosas por conta desse medo. E o pior é que eu tinha consciência disso, mas não conseguia entender como era possível que as pessoas soubessem que as coisas eram efêmeras e viver em paz com isso. Eu ficava tentando imaginar uma forma de eternizar as coisas, de fazer o tempo parar e preservar para sempre aquilo que me era precioso, como em uma fotografia. Eu não entendia que às vezes a gente nem sabe realmente se algo é bom ou ruim até perdê-lo, e que não há mal nenhum nisso. As coisas acontecem, boas ou ruins, se prolongam ou não, e uma hora acabam, necessariamente. E isso é tão simples e não é nenhuma novidade. A novidade é que isso não me parece mais a coisa mais triste do mundo.
Eu me lembro que, há não muito tempo atrás, eu estava andando em um estacionamento vazio, de mãos dadas com uma pessoa por quem eu estava sinceramente apaixonada, quando, sob um céu sem estrelas e numa noite absolutamente comum, ele me puxou para dançar. Me girou em torno de mim mesma, olhou nos meus olhos e me fez rir. E riu junto comigo. E eu fui embora sem pensar no fato de que aquele momento bobo e mágico não aconteceria nunca mais. Aquele exato momento não se repetiria mais, mesmo que passássemos toda a nossa vida juntos, mesmo que parássemos de envelhecer, que o mar não estivesse subindo e que as estrelas se escondessem para sempre. E a ironia está no fato de que eu era incapaz de compreender que a beleza de todas as coisas está exatamente aí, no fato de que elas são únicas e que não se repetem mais.
Acho que o mal era que eu sempre achava que coisas mágicas e maravilhosas não iriam acontecer mais para mim, como se eu já tivesse gastado a minha cota de felicidade e não merecesse mais um pouquinho. E é incrível como eu conseguia pensar uma idiotice tão grande! Na verdade, eu estou abismada até agora com isso, com o fato de que as coisas são tão simples e estão na minha cara e eu insisto em não querer vê-las. E eu estou feliz. Estou me achando uma grande idiota e estou feliz. Estou olhando para trás e vendo o tanto de infelicidade que eu me causei e a outras pessoas e estou profundamente feliz. O meu velho inimigo, o tempo, me deu mais uma chance de perceber que é uma bobagem correr contra ele e de que não há nenhum mal ou bem definitivo. Nada melhor do que um dia após o outro.

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