Sabe, eu sou um cara feliz. Isso é quase impossível de negar, apesar de continuar tendo leve inclinação pelo sofrimento. Gosto do lado sombrio da vida e acredito que do sofrimento nascem as melhores obras de arte, mas, contudo, não consigo negar que sou, de fato, feliz, o que de certa forma inibe meus talentos artísticos...
Considerações íntimas à parte, dizer que sou feliz não significa, em nenhuma hipótese, que eu não me arrependo de coisas que fiz no passado. Não sei de onde veio esse clichê de que pra ser feliz não se pode ter arrependimentos. Penso que dos arrependimentos nascem as oportunidades de não repetir certos erros. É disso que eu quero falar.
Uma vez tive uma namorada. Faz tempo, tínhamos pouca idade. Ela foi a primeira mulher a me dizer que me amava, no sentindo romântico da expressão. Eu também a amava, eu acho. O beijo era bom, ela era divertida e eu a achava particularmente linda, com os cabelos cacheados e um sorriso largo, sincero. Era meio gordinha, mas eu gostava desse detalhe, também.
Ela se perdeu. Eu a perdi, aliás. Um dia ela disse que iria se mudar. Eu fiquei triste, chorei. Mas ela mudou de bairro, coisa de pegar um ônibus. Eu nunca fui visitá-la, nunca telefonei nem mandei uma carta. Ela me procurou algumas vezes, e eu nunca dei a importância que deveria dar a uma pessoa que, de fato, era a única que me fazia tremer de ansiedade. Eu pensava que aquilo era normal, e aconteceria com a próxima. Não aconteceu, e levou muito tempo pra voltar a acontecer.Ela cresceu, sumiu, e reapareceu, em um reencontro já descrito de forma melancólica neste mesmo blog.
Não teria dado certo. Ela virou modelo, ficou ainda mais linda e foi morar em outro país. Eu não teria acompanhado nem apoiado nenhuma dessas etapas da vida dela, e certamente o namoro terminaria. Mas e o caminho? Não é isso que importa? E todas as coisas bonitas que teríamos vivido? No reencontro, vivido há mais de dois anos, percebi que havia me tornado um estranho pra ela, e a recíproca era muito verdadeira. Como teria sido o final, se eu chegasse a deixar aquele sentimento superar as vergonhas e crises de um adolescente comum? Como eu poderia ter mudado a história dela?
Essas considerações pueris e probabilísticas (é correto dizer isso?) não chegam ao ponto que eu quero. Não posso dizer que vivi algo nesse tempo que preencheu a relação que poderia ter vivido. Quando você deixa de viver algo assim, nada ocupa o lugar. O vazio permanece, é uma possibilidade jogada fora que nenhuma das outras a que eu tenha escolhido podem suprir. A questão não é o que a relação mudaria em nossas histórias, e sim o que ela acrescentaria a mim, como pessoa. Certamente coisas que nenhuma outra relação adicionou. Uma coluna que fica vazia, e continuará vazia por impossibilidade de recriar as condições capazes de ressuscitar aqueles momentos vividos dentro de um dado contexto...
Eu acho que aprendi. Aprendi bem até demais. Jogo-me em tudo. Vivo tudo. Quero tudo. Talvez mais coisas do que deveria. Possivelmente coisas que tiram mais de mim do que me devolvem. Mas eu vivo. É o que preenche as colunas. É o que me faz ter o que contar. É assim que vai ser, até que um novo arrependimento me prove o contrário.
Aqui fica a homenagem à minha querida primeira namorada. Reitero a esperança de que, de alguma forma, eu a tenha feito descobrir uma coisa tão importante pra vida dela quanto a que ela me possibilitou descobrir.
p.s.: Esse blog agora vive uma nova fase. Casei, meus caros, ainda que apenas bloguisticamente. Façam bom uso dos textos de Nanda, que eu já adorava e agora vou poder ver com mais freqüência e proximidade.
Considerações íntimas à parte, dizer que sou feliz não significa, em nenhuma hipótese, que eu não me arrependo de coisas que fiz no passado. Não sei de onde veio esse clichê de que pra ser feliz não se pode ter arrependimentos. Penso que dos arrependimentos nascem as oportunidades de não repetir certos erros. É disso que eu quero falar.
Uma vez tive uma namorada. Faz tempo, tínhamos pouca idade. Ela foi a primeira mulher a me dizer que me amava, no sentindo romântico da expressão. Eu também a amava, eu acho. O beijo era bom, ela era divertida e eu a achava particularmente linda, com os cabelos cacheados e um sorriso largo, sincero. Era meio gordinha, mas eu gostava desse detalhe, também.
Ela se perdeu. Eu a perdi, aliás. Um dia ela disse que iria se mudar. Eu fiquei triste, chorei. Mas ela mudou de bairro, coisa de pegar um ônibus. Eu nunca fui visitá-la, nunca telefonei nem mandei uma carta. Ela me procurou algumas vezes, e eu nunca dei a importância que deveria dar a uma pessoa que, de fato, era a única que me fazia tremer de ansiedade. Eu pensava que aquilo era normal, e aconteceria com a próxima. Não aconteceu, e levou muito tempo pra voltar a acontecer.Ela cresceu, sumiu, e reapareceu, em um reencontro já descrito de forma melancólica neste mesmo blog.
Não teria dado certo. Ela virou modelo, ficou ainda mais linda e foi morar em outro país. Eu não teria acompanhado nem apoiado nenhuma dessas etapas da vida dela, e certamente o namoro terminaria. Mas e o caminho? Não é isso que importa? E todas as coisas bonitas que teríamos vivido? No reencontro, vivido há mais de dois anos, percebi que havia me tornado um estranho pra ela, e a recíproca era muito verdadeira. Como teria sido o final, se eu chegasse a deixar aquele sentimento superar as vergonhas e crises de um adolescente comum? Como eu poderia ter mudado a história dela?
Essas considerações pueris e probabilísticas (é correto dizer isso?) não chegam ao ponto que eu quero. Não posso dizer que vivi algo nesse tempo que preencheu a relação que poderia ter vivido. Quando você deixa de viver algo assim, nada ocupa o lugar. O vazio permanece, é uma possibilidade jogada fora que nenhuma das outras a que eu tenha escolhido podem suprir. A questão não é o que a relação mudaria em nossas histórias, e sim o que ela acrescentaria a mim, como pessoa. Certamente coisas que nenhuma outra relação adicionou. Uma coluna que fica vazia, e continuará vazia por impossibilidade de recriar as condições capazes de ressuscitar aqueles momentos vividos dentro de um dado contexto...
Eu acho que aprendi. Aprendi bem até demais. Jogo-me em tudo. Vivo tudo. Quero tudo. Talvez mais coisas do que deveria. Possivelmente coisas que tiram mais de mim do que me devolvem. Mas eu vivo. É o que preenche as colunas. É o que me faz ter o que contar. É assim que vai ser, até que um novo arrependimento me prove o contrário.
Aqui fica a homenagem à minha querida primeira namorada. Reitero a esperança de que, de alguma forma, eu a tenha feito descobrir uma coisa tão importante pra vida dela quanto a que ela me possibilitou descobrir.
p.s.: Esse blog agora vive uma nova fase. Casei, meus caros, ainda que apenas bloguisticamente. Façam bom uso dos textos de Nanda, que eu já adorava e agora vou poder ver com mais freqüência e proximidade.