domingo, novembro 19, 2006

Divagações a respeito da manipulação da impressão do outro...

Não será bem um texto. Na verdade, é um pouco de desabafo... A questão é: como manipular eficientemente a impressão que as pessoas têm de você? Segundo os teóricos do interacionismo simbólico, estamos sempre procurando essa manipulação. Ela é, grosso modo, a razão de ser de muitos aspectos que envolvem as interações. Cabe aqui uma breve consideração a respeito dos papéis. O interacionismo está pautado, basicamente, na análise das interações como se elas fossem uma grande encenação: estamos todos cumprindo diferentes papéis, em cada diálogo. Manipular a impressão é, também, convencer o outro de que você encarnou, de fato, aquele papel, e que o cumpre com total legitimidade. É por isso que os médicos exibem seus diplomas nas paredes dos consultórios; é por isso que garotos "radicais" arriscam tolamente suas vidas para mostrar toda sua "radicalidade" a quem lhes interessar.
Assunto recorrente desse e de outros tantos blogs, o vai e vem dos universos semânticos é um fenômeno do mundo moderno, que se acentua no mundo pós-moderno. As pessoas entram e saem de sua vida, de uma forma tão brutal que você não consegue mais manter o mínimo de afetividade da relação, depois que ela foi superada. Tudo está mais rápido. Tudo muda mais rápido. Inclusive as pessoas. Me peguei, nesse fim de semana que melancolicamente se encerra daqui a 20 minutos, numa situação que envolvia as duas problemáticas: tinha que encaixar meu universo semântico num que há muito me era distante, o que sem dúvida envolvia uma incrível manipulação da impressão alheia.
De fato, esse tipo de manipulação nunca me preocupou, ao menos conscientemente. Mas desta vez, estranhamente, senti uma necessidade de empreendé-la. Não há motivo racional que explique isso... Obviamente que falhei, redondamente. Falhei de um modo tão absurdo, que tive a sensação de não ter tido nem a chance de tentar... Parece que algo em mim determinou, a priori, se eu estava ou não legitimado a interpretar o papel ao qual eu quis me ligar.
Até que ponto se pode manipular, consciente ou inconscientemente, a impressão alheia? Qual limite entre a influência do que o ator apresenta em relação aos aspectos em que ele pode interferir, e as interpretações do interlocutor, seus conceitos e crenças, seu modo de ver o mundo, enfim, seu Eu? Questão intrigante... Claro que os aspectos visíveis, ou seja, aquilo que você apresenta antes da troca de palavras, são passíveis de interferência. Contudo, eles até explicariam um certo pé atrás do meu interlocutor, mas nunca uma opinião definitiva.. Sim, senti que uma opinião defitinitiva formou-se antes mesmo d'eu abrir a boca.
Responder essa questão me traria o conforto da impotência perante às condições psciológicas do outro, penso. Contudo, poderia também me trazer a revolta por não ter feito o que deveria para manipular a impressão ao meu modo. Como respondê-la é impossivel, fico eu com o conforto. E no fim, concluo, friamente: " eu não queria mesmo...". Assim tudo fica mais fácil...E o sol virá amanhã. E daqui há dois dias, eu nem me lembrarei mais disso. Nem da pessoa, nem da impressão, nem do embaraço. Esquecer os embaraços o mais rapidamente possível é uma boa forma de manter o bom humor e o pensamento positivo. Viva ao pensamento positivo!

4 comentários:

Anônimo disse...

Seus textos são viajados manim !

Viu como peguei o fio da meada agora ?

ahuahuauha

este eu entendi

:P

Anônimo disse...

Esse post me lembou uma palestra que assisti de um psicólogo que agora me foge o nome, mas ele falava mais ou menos a mesma coisa que você, só que ele utilizava a expressão "máscaras". Não no sentido de sermos pessoas mascaradas (com a conotação de falsidade), mas sim no sentido em que cada um de nós usamos uma máscara de acordo com as situações vivenciadas. Você usa uma máscara para a convivência com a família, outra máscara na presença dos amigos, outra perante a sociedade.
Todos nós temos e usamos dessas máscaras...talvez a sua não estivesse disponível naquele momento,rsrs.

Bjinhos, te adoro!!!

Anônimo disse...

"Esquecer os embaraços o mais rapidamente possível é uma boa forma de manter o bom humor e o pensamento positivo".
Leia-se: Lembrar de esquecer os embaraços o mais rápido possível. Isso é o que faz com que nós, seres humanos, altamente falíveis, sobrevivamos às angústias criadas - muitas vezes - por nós mesmos.
Já diria Raul: "Convence as paredes do quarto e dorme tranqüilo/ Sabendo do fundo do peito que não era nada daquilo...."

Ótimo texto, nego!
Cheiro.

Anônimo disse...

Certo, demorei pra comentar aki, n sei pq... rsrsrsr
só ñ gostei do "eu não queria mesmo..." e de "daqui a 2 dias eu nem me lembrarei mais disso",
Tem coisas que agente lembra durante 8, 10 anos....
Enfim, o resto ta perfeitinho, como sempre...